Olá meninada
Fiz esse blog aqui para poder mostrar todos os trabalhos que vocês estão fazendo sobre minhas histórias. E responder as cartas também. Fiquei impressionada com as coisas bonitas que escreveram, com os lindos poemas e estou agora esperando os desenhos. Vou colocar todos que chegarem até mim. E quero dar parabéns. Parabéns para vocês, aos seus pais, para a Prof. Iva e para a diretora da escola. Conhecer um pouco a Amazônia é quase descobrir um novo Brasil. E se preparar para cuidar dele, afinal é o nosso país. Vamos fazer isso juntos. É importante saber mais sobre nossos índios também. Centenas de meninos e meninas como vocês, que também estudam, brincam e amam a terra em que nasceram.
Mas vamos deixar de falatório e trabalhar.
Primeiro vou por a história do Macunaíma e umas fotos para vocês verem o Monte Roraima, onde ele nasceu.
Vamos lá
Macunaíma
Lenda do povo Macuxi, habitante de Roraima, fronteira entre Brasil e Guiana.
População: 20 000 pessoas.
O Sol estava apaixonado pela Lua, a Lua pelo Sol e era um triste caso de amor. Todas as manhãs ele se apressava para chegar ao céu, na esperança de ainda encontrá-la. Era inútil. Ela já havia ido embora. Nas tardes ele tingia as nuvens de todas as cores do arco íris, enfeitava-se de vermelhos e amarelos pensando que sua amada ia chegar. Mas ela sempre demorava e ele tinha que partir. A Lua se desesperava. Também ela corria atrás do Sol. Às vezes minguava, chorando inconsolável, às vezes enchia, ficava enorme e luminosa, toda plena de esperança. E por milhares de anos foi assim. Um amor que não se consumava. Em algumas tardes, a Lua conseguia escapar e vinha espiar o Sol, mas estava ficando tão fraca que ele não a percebia.
Nas terras de Roraima, na montanha mais alta, existia um lago muito azul e cristalino formado pelas lágrimas da Lua quando chorava pelo Sol. Ela passava noites e noites ali, debruçada, lastimando-se de saudade, lamentado a ausência do amado, derramando-se em dor e tristeza. Tanto chorou que os pássaros e os animais da floresta foram interceder por ela junto a Mãe Natureza. Ela ouviu-os atentamente e respondeu:
- O que me pedem é impossível. O Sol deve iluminar os dias e a Lua as noites. Essa é a ordem natural do mundo e não pode ser alterada. Um dia esse amor vai acabar como acabam todos os amores.
Milhares de anos se passaram e nada. O amor dos dois era cada vez mais forte e mais sofrido. O pequeno lago de lágrimas estava quase transbordando e os pássaros preocupados voltaram a procurar a Mãe Natureza. Penalizada com toda aquela tristeza ela resolveu dar um jeito na situação. Era preciso que eles se encontrassem ao menos de vez em quando. Depois de muito pensar ela criou o eclipse.
Um dia o Sol cruzou com a Lua no imenso céu azul. Ele, imenso e resplandecente, a engoliu toda em um enorme abraço de amor. Os pássaros e os bichos ficaram imóveis e calados diante de tanta felicidade. O mundo apagou-se por algum tempo para permitir aos dois maiores intimidades. Foi então que as franjas de luz do Sol, que brilhavam em volta da Lua, se espelharam no lago da montanha. As águas, feitas da dor de saudade, agitaram-se com alegria e delas nasceu Macunaíma, o curumim das montanhas de Roraima.
Macunaíma foi adotado pela tribo Makuxi e ali cresceu até tornar-se um guerreiro inteligente e corajoso. Tinha bom coração e foi escolhido por Tupã para ser o guardião da “Árvore de todos os frutos”, que existia perto do lago. Era uma árvore imensa e com um tronco tão grosso que seriam necessários dez homens para o rodear. Nela brotavam bananas, abacaxis, tucumãs, pupunhas, açaís e todas as deliciosas frutas que existem. Tinha sido um presente de Tupã pelo nascimento de Macunaíma, só ele podia recolher os frutos da árvore e dividi-los entre todos os Makuxis. A cada lua Macunaíma dirigia-se para a árvore, seguido pelas mulheres da aldeia que carregavam grandes cestos trançados com fibra de buriti. Os índios regalavam-se com aquelas gostosuras, havia fartura e as crianças cresciam saudáveis e fortes.
Passadas muitas luas, a ambição e a inveja começaram a tomar conta de certos corações na tribo. Alguns índios diziam que Macunaíma deveria tirar galhos da árvore e plantá-los para que nascessem muitas árvores como aquela. O herói dizia que Tupã havia proibido isso e que a árvore era de Tupã; deviam, portanto, obedecer-lhe.
Certa vez Macunaíma teve que fazer uma viagem e os índios invejosos, aproveitando-se de sua ausência, foram até a árvore e tentaram colher seus frutos. Cada fruto que tocavam escapulia e arrebentava-se no chão. Enfurecidos, arrancaram muitos galhos e foram plantá-los perto dali. A árvore começou a murchar e morrer.
Quando Macunaíma voltou, as mulheres, chorando envergonhadas, pegaram-no pela mão e levaram-no até a beira do lago. A “Árvore de todos os frutos” estava morta e dela só restava uma enorme ramaria seca. Macunaíma ficou furioso. A raiva dele foi tão fulminante que toda a floresta pegou fogo. Depois disso as árvores se transformaram em pedra, os pássaros voaram para longe, os bichos desapareceram e os rios secaram. Os índios então conheceram a fome, apareceram doenças e começaram a morrer. Alguns fugiram para outras terras, dispersando-se a tão valente aldeia Makuxi.
Dizem alguns pajés que, até hoje, quem for ao Monte Roraima vai escutar os gemidos de Macunaíma chorando pela árvore de Tupã.
vera do val
Agora vamos descobrir onde fica o Monte Roraima. Vejam no mapa grande, lá em cima, verdinho, o estado de Roraima. Longe não é? No mapa menor está localizado o monte que também se chama Roraima. Lá que essa historia aconteceu, como contam os índios macuxis.
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O monte Roraima é o sétimo ponto mais alto do Brasil, tem 2727 metros de altitude. Reparem que ele tem uma forma esquisita que se chama “forma de mesa”. Faz parte de um grupo de montanhas chamadas de Tepui. Só uma parte dele encontra-se no território brasileiro, o restante divide-se entre a Venezuela e a Guiana Inglesa.